RESUMO - DA ESCOLA NORMAL À ESCOLA DOMÉSTICA: EXPECTATIVAS E POSSIBILIDADES DA PROFISSIONALIZAÇÃO FEMININA NO RIO GRANDE DO NORTE NO INÍCIO DO SÉCULO XX

Vitória Diniz de Souza*

Azemar dos Santos Soares Júnior

*UFRN - E-mail: vitoriaddesouza@gmail.com


No início do século XX, as possibilidades para a profissionalização feminina não eram muitas, apesar de trabalharem, a labuta feminina não era visto como “profissional” (PERROT, 2005). Apesar disso, diversas transformações vinham ocorrendo nas relações de trabalho proporcionando um “abrandamento” da rigidez dos papéis de gênero e uma maior inserção das mulheres no mercado produtivo. No caso do Rio Grande do Norte, três instituições foram fundamentais nesse processo, a Escola Normal do Natal (1908), a Escola Normal de Mossoró (1922) e a Escola Doméstica (1914). O objetivo desse trabalho é fazer um estudo comparativo entre essas três instituições e como elas ofereceram distintas possibilidades de profissionalização feminina no Rio Grande do Norte no início do século XX. Nesse sentido, foram selecionadas como fontes: a legislação educacional do período, como o a Lei n. 405 de 29 de novembro de 1916, que reorganizou o ensino primário, secundário e profissional, e as Mensagens do Governo do Estado entre 1906-1930. Assim sendo, foi estabelecido o diálogo com a bibliografia acerca dessas instituições para discutir sobre os impactos da atuação dessas escolas na educação profissional de mulheres e as possibilidades de empregabilidade. Dessa maneira, como metodologia, foi realizada uma análise de discurso, a partir das leituras Michel Foucault (2008). Além disso, a partir da leitura de Guacira Louro (2003; 2008; 2019), foi adotada a abordagem dos estudos de gênero para entender como as definições da categoria “mulheres” se articulavam nesse período. Portanto, foi possível perceber que apesar do Curso Normal e do Curso Doméstico seguirem propósitos distintos, havia a abertura para suas ex-alunas encontrarem-se como colegas de trabalho. Para a Escola Normal, a principal possibilidade era o magistério, seu alcance foi grande, produzindo professoras para diversos lugares do Estado, tanto a Escola Normal de Natal como a Escola Normal de Mossoró. Enquanto isso, no caso das “donas de casa” da Escola Doméstica o enfoque era a administração doméstica, porém, algumas delas atuaram no magistério, como professoras de Economia Doméstica no ensino regular, bem como, na própria Escola Doméstica. Com efeito, essas instituições puderam oferecer possibilidades de inserção no mercado produtivo para as mulheres. No entanto, elas ainda estavam relacionadas a uma normalização da existência de “profissões femininas”, marcadas pela rigidez entre o que era considerado “trabalho feminino”, em contraposição, ao suposto “trabalho masculino”.


Palavras-chave: Profissionalização feminina; Gênero; Escola.


Comentários

  1. Que incrível seu trabalho, Vitória. Fazer uma análise comparativa dessas instituições é riquíssimo e também até para compreender as finalidades de uma educação feminina e como ocorria essas aproximações e distanciamentos de uma instituição para a outra. Parabéns!

    ResponderExcluir
  2. Prezada(o), por favor, quais questões de pesquisa nortearam essa investigação?

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Postagens mais visitadas deste blog

RESUMO - A LEI Nº 5.692 DE 1971 E A LEI DE DIRETRIZES E BASES DA EDUCAÇÃO Nº 9.394 DE 1996: APROXIMAÇÕES E DISTANCIAMENTOS NA ORGANIZAÇÃO DO ENSINO NA EDUCAÇÃO BÁSICA