RESUMO - EDUCAÇÃO PROFISSIONAL BRASILEIRA E RELAÇÕES DE GÊNERO: HISTÓRIA E REPRESENTAÇÃO DE CIENTÍFICAS

Ieda Fraga Santos*

Elza Ferreira Santos

*IFS - E-mail: elza.ferreira@ifs.edu.br


Este trabalho deriva de estudos que envolvem Educação Profissional e Tecnológica e relações de gênero. Trata-se de uma pesquisa bibliográfica no que se refere ao resgate da história da educação das mulheres na EPT e de uma pesquisa participante em que resgata a vida de cientistas que corroboram com a formação acadêmica de alunos e alunas. Essa investigação se insere no grupo pesquisa Educação Profissional e Tecnológica do Instituto Federal de Sergipe e foi articulada durante o processo que culminou na dissertação desenvolvida no mestrado profissional em Educação Profissional e Tecnológica em 2019. A pesquisa contou com a participação de estudantes e docentes do segundo ano do ensino médio Integrado de Eletrônica do Campus Aracaju. Além disso, houve o apoio, por meio de uma bolsa, da Fundação de Apoio à Pesquisa e à Inovação Tecnológica do Estado de Sergipe (FAPITEC/SE). Na primeira etapa da pesquisa, realizamos um levantamento acerca da História das Mulheres na Educação Profissional Brasileira. A história da educação das mulheres é caracterizada por um longo período de exclusão e por uma inclusão de forma lenta em áreas específicas, destinando-se a elas alguns campos do conhecimento, atrelados ao cuidado com as pessoas (CARVALHO, RABAY, 2013). Somente no final do século XIX são criadas as primeiras Escolas Profissionais Femininas. No Rio de Janeiro, o Instituto Profissional Feminino é criado no ano de 1898. A partir daí, elencamos outras escolas que surgiram ao longo do século XX. Na segunda etapa da pesquisa, conjuntamente com discentes de Eletrônica buscamos resgatar a biografia de mulheres cientistas, a saber: Hipátia, Marie Curie e Mileva Einstein.  A escolha se deveu a várias razões. A primeira cientista é um ícone da antiguidade e mostrou às/aos discentes que desde a Antiguidade as mulheres estudam ensinam, pesquisas e produzem bastante. A segunda é reconhecida com dois prêmios nobel mas ainda pouco presente nos livros didáticos. A terceira, uma grande matemática cujos trabalhos estão relacionados à construção da teoria da Relatividade, mas é uma cientista desconhecida, embora seu esposo - Eisntein - seja um expoente no mundo da física. Foram selecionadas bibliografias, as quais foram lidas, resumidas, debatidas nos encontros partilhados com as aulas de Língua Portuguesa.  Acreditamos, por fim, que problematizar a questão de gênero no âmbito da educação profissional configura-se como um ato revolucionário, uma vez que, como vimos, essa foi historicamente marcada por um intenso silenciamento.


Palavras-chave: Ensino; Educação Profissional feminina; Mulheres na Ciência;


Comentários

  1. Muito relevante o trabalho de vocês. pensar a história das mulheres, pensar sobre a educação, nos faz refletir a sociedade nesse momento. Entre as rupturas e continuidades que permeia na história humana.

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    1. Boa noite, Amanda. Compartilhamos juntas desse pensamento. Acredito que para entender o lugar da mulher na sociedade, tanto na antiguidade quanto nos dias atuais, há de se percorrer e conhecer a história da mulher, entendendo a formação de sua identidade, de seus grupos sociais, e principalmente seu posicionamento no contexto da educação.

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    2. Sim, Amanda. Apesar de tantos avanços importantes e consequentemente repercussões na cultura, existe ainda uma segregação entre meninos e meninas na escolha dos cursos/carreiras. Por exemplo, os Institutos em todo país, por muito tempo eram espaços masculinos (as antigas escolas técnicas) seja pela presença predominante de homens na discência quanto na docência. Hoje, mulheres e homens estão matriculadas nos IFs mas se observar os cursos verá mulheres maciçamente nos cursos que remetem a cuidados, lazer (Hospedagem, Alimentos etc) e homens maciçamente em cursos da área de Indústria e de Informática. Por quê? por várias razões,dentre elas, falta de apoio e de conhecimento na família, discriminação de professores nas aulas de laboratório etc. Nossa intenção, com a pesquisa é fazer a escola repensar suas práticas e a partir delas promover a equidade de gênero, afinal, não há carreiras masculinas nem femininas!

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  2. Boa noite, Ieda e Elza,
    Eu me interesso bastante por esse tema, eis que, de fato, por muito tempo às mulheres que ingressavam no mercado de trabalho cabia apenas algumas funções como o magistério, voltado ao ensino de crianças ou à enfermagem, por exemplo, independentemente de sua situação financeira. Fiquei curiosa quanto à dissertação de mestrado realizada no âmbito do curso de mestrado profissional do Instituto Federal de Sergipe mencionada por vocês, qual é o título da pesquisa?
    Desde já agradeço.
    Luciana de S. Mazur

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    1. Boa noite, Luciana. O título da nossa pesquisa é: ESTUDO DE RELAÇÕES DE GÊNERO E EDUCAÇÃO PROFISSIONAL: desconstruindo estereótipos para promover a equidade.
      Está disponível para consulta através do link: https://sucupira.capes.gov.br/sucupira/public/consultas/coleta/trabalhoConclusao/viewTrabalhoConclusao.jsf?popup=true&id_trabalho=7902360
      Obrigada. :)
      Ieda Fraga Santos.

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    2. Olá Luciana, espero que aprecie a dissertação. Também foram gerados dois produtos pedagógicos: um game - CieM - Ciência e Mulheres - e um caderno pedagógico com as histórias de Mileva Einstein, Marie Curie, Hipatia e Frida Kallo!!

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    3. Olá, o game está disponível para download gratuitamente na Play Store (Android). https://play.google.com/store/apps/details?id=edu.ifs.ciem
      O caderno pedagógico, por ora, está presente na dissertação no link que disponibilizei acima.
      Espero que gostem! :)

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    4. Segue o link do caderno pedagógico: http://educapes.capes.gov.br/handle/capes/575106
      Fico à disposição para qualquer esclarecimento.
      Ieda Fraga Santos.

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  3. Caras Ieda Fraga e Elza Ferreira, a ressignificação do papel das mulheres no processo histórico é de fundamental importância para a superação do patriarcalismo e do machismo estruturais.
    Vocês encontraram pesquisadoras brasileiras que foram invisibilizadas pelo predomínio de uma história que supervaloriza o protagonismo masculino?
    Abraços!

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    1. Olá Geraldo, há pesquisadoras na área da Engenharia, Matemática, Informática, Física que até hoje são prejudicadas, sufocadas por uma história que condiciona tais saberes aos homens. Na Astronomia, por exemplo, ou na Física Quântica são fortes os relatos de dificuldades de ascensão feminina. Nos Institutos, até hoje as mulheres formadas em Eletrotécnica, Eletrônica encontram resistência em estágios. Nossa aposta é que a escola pode por meio dos livros didáticos apresentar mulheres cientistas e essa representação incentiva as jovens a também quererem ser cientistas. Também Professores e Professoras podem contribuir em suas aulas de laboratório a tratar homens e mulheres com equidade.

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  4. Boa noite, caro José Geraldo, A ciência brasileira é muito recente e de fato, houve grande resistência para a entrada das mulheres no mundo acadêmico, antes majoritariamente dominado pelo sexo masculino. Felizmente, isso tem mudado e atualmente há um grande número de mulheres em diferentes áreas do conhecimento, como física, química, agronomia, história, botânica, entre outras, mas visando as as exigências do Comitê de Ética em Pesquisa, preferimos utilizar biografias de cientistas da antiguidade.

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  5. Obrigado às autoras pelo retorno e parabenizo pela pesquisa!

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