RESUMO - ENGENHEIROS EDUCADORES NO INÍCIO DO ENSINO INDUSTRIAL NO BRASIL

Maria Cleide Ribeiro de Oliviera*

*IFRN - E-mail: cleidenglima@gmail.com


No decorrer da História da Educação Profissional no Brasil, uma geração de engenheiros educadores fundiu suas atuações junto as indústrias com o ensino industrial. Nesse contexto, este trabalho tem o objetivo de propor uma breve pesquisa sobre a influência dos engenheiros educadores no início da história da educação profissional no Brasil (1900 e 1927), a partir da obra “História do Ensino Industrial no Brasil” de Celso Suckow da Fonseca.  Para tanto, foram investigados, narrativa e documentos indicados por ele, evidenciando quais dentre os sujeitos que influenciaram o desenvolvimento do ensino profissional no Brasil, eram engenheiros educadores. A partir das primeiras providências da República (cap. 7 do Vol. I), Suckow narra os momentos desafiadores que marcaram o início das escolas profissionais (1909), principalmente no que se refere a estrutura física, pedagógica e disponibilidade de professores qualificados. Por outro lado, desde 1898, em Porto Alegre/RS, o engenheiro e professor João José Pereira Parobé, já solicitava verba para construção de uma Escola de Ensino Profissional, que veio a ser criada em 1906, chamada Instituto Técnico Profissional, posteriormente nomeada Instituto Parobé, em homenagem ao empreendedor educacional. Essa escola já apresentava bons resultados se comparado ao modelo praticado inicialmente nas escolas de aprendizes artífices constituídas pelo governo federal em 1910. Diante disso, em 1920, foi nomeada a comissão, conhecida como Serviço de Remodelação do Ensino Profissional Técnico, toda composta por administradores e mestres do Instituto Parobé, chefiada pelo engenheiro e educador experiente, João Luderitz, visto os resultados animadores dessa Instituição, com metodologia própria, comprovadamente eficiente. Esse serviço de remodelação transformou as escolas de aprendizes artífices, construindo uma estrutura física adequada as demandas do ensino profissional e um currículo inovador que elevou o nível do ensino técnico profissional e culminou com a Consolidação dos dispositivos concernentes às Escolas de Aprendizes Artífices, documento assinado em 13 de novembro de 1926. Essa Consolidação foi um importante passo para o ensino profissional, embora ainda destinado aos “desfavorecidos de fortuna”. O ensino técnico profissional extensivo a todos, sejam pobres ou ricos, foi defendido pelo Engenheiro e Deputado Fidélis Reis, além da obrigatoriedade de expansão das escolas de ensino profissional por todo o país, considerando o processo de industrialização em curso e a urgente demanda por mão de obra qualificada. A observação das ações desses engenheiros educadores nos leva a perceber que a necessidade de defesa do ensino profissional-industrial e a metodologia de ensino proposta foi decorrente do contato direto desses sujeitos com a indústria, na linha de frente das demandas de profissionais qualificados de apoio a engenharia, tanto em termos de quantidade quanto em qualidade e perfil profissional.


Palavras-chave: Ensino Industrial; Ensino Profissional; Engenheiros Educadores

Comentários

  1. Para refletirmos: a "defesa do ensino profissional-industrial e a metodologia de ensino proposta" por esses engenheiros-educadores ligava-se apenas ao entendimento que tinham das demandas da indústria nacional? Como esses engenheiros enxergavam a sociedade brasileira? Qual visão possuíam sobre o papel da Educação?
    Para ajudar a responder a essas questões, recomendo a obra "Missionários do progresso: médicos, engenheiros e educadores no Rio de Janeiro, 1870-1937", de Herschmann (1996).

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    Respostas
    1. Muito obrigada pela indicação do texto. Estou buscando aqui mas, ainda não consegui encontrar. Certamente será incluído como leitura obrigatória, assim que tiver acesso a ele.
      Das leituras que fiz para composição do artigo até o momento, consigo perceber que as demandas da indústrias nacional e o fato desses engenheiros estarem inseridos diretamente no contexto da indústria, muitas vezes no dia a dia da execução de grandes obras, como por exemplo a construção da Estrada de ferro central do Brasil, possivelmente oferecia uma nova perspectiva para o ensino profissional. Entretanto, esse não era o único entendimento pois, como podemos perceber na trajetória, por exemplo de João Parobé, reconhecido como um empreendedor educacional, levando para a sua atuação na educação profissional, a sua origem. Promovendo um ensino profissional como uma oportunidade de desenvolvimento muito importante para o Brasil enquanto país em desenvolvimento.
      Como sou iniciante no campo do estudo da história da educação profissional, ainda, estou me apropriando de leituras, mas, considerando que o estudo está sendo feito a partir da obra de Suckow, é percebido que aos engenheiros educadores, existia o desafio de apresentar a sociedade brasileira, a educação profissional como modalidade de educação de notório valor e necessidade, inclusive não apenas restrito aos "desvalidos da sorte" conforme consta na legislação.

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