RESUMO - HISTÓRIA E NARRATIVAS DA FORMAÇÃO PARA O TRABALHO DAS MULHERES DE IPANGUAÇU/RN

Carolayne Mabel Victor da Cunha*

Sabrina Mirelly de Souto Lopes; Evelyne Nunes de Oliveira Galvão

*IFRN - E-mail: mabelcarolayne@gmail.com


Historicamente as diferenças entre homens e mulheres, no que se refere ao trabalho, ao poder e ao sexismo na sociedade vem cada vez mais se tornando foco de pesquisas científicas, pois configura-se como um tema social importante. É sabido que as mulheres ocupam os mais variados papéis na sociedade contemporânea, lugares permeados por um conjunto de correlações que pode servir como objeto de investigação.

Perrot (2005) afirma que no século XIX a visão da mulher era apenas de “senhora do lar”, cujas funções eram cuidar dos filhos, do marido e manter a casa organizada. Por muito tempo, a imagem do sexo feminino esteve ligada a ideias de moralidade, maternidade e pureza. Ao longo do século XX, como aponta Nogueira e Schelbauer (2007) o papel da mulher esteve atrelado à docência, o que causou a feminilização do magistério. Sendo assim, a mulher passou a ser idealizada como educadora da infância. 

Partindo em busca da compreensão dos locais, períodos e culturas em que as mulheres viveram, muitas vezes submetidas a estigmas sociais que afetaram sua visão de mundo, esta pesquisa teve como objetivo principal obter repostas sobre quais cenários as mulheres do município de Ipanguaçu, Rio Grande do Norte (RN), cresceram e tiveram influencia sobre as escolhas no campo profissional. 

Este trabalho contou com pesquisa bibliográfica acerca da história dos processos formativos vividos pelas mulheres ao longo do tempo e aplicação de questionário no formato remoto através da plataforma Google Docs. 

Os principais resultados deste estudo apontaram que, ao longo da história, os cursos profissionais oferecidos as mulheres a objetivavam e não tinham o intuito de formar uma profissional, mas sim ensiná-las a serem boas professoras para que pudessem, indiretamente, serem boas mães e esposas. Esse modelo de família, onde havia uma mãe (subjugada), pai e filhos foi transportado para o espaço educacional. Sendo assim, muitas das mulheres entrevistadas relataram que só havia opção no âmbito profissional: ser professora. Ou seja, a educação profissional no âmbito da democratização das profissões para as mulheres do município de Ipanguaçu não foi difundida ao longo do tempo de maneira satisfatória.

O acesso a informação nunca se deu de forma igualitária ao longo dos séculos, tendo como consequência a segregação das profissões de destaque entre homens e mulheres, a diferenciação salarial, em que o único fator é apenas baseado no sexo, permeados pelo machismo presente na sociedade. Sendo assim, é imprescindível existir mais discussões sobre esse tema, estudos e políticas sejam fomentados para que as noções de equidade tornem-se realidade, na busca incessante para que as mulheres exerçam seus papéis de direito.


Palavras-chave: Muheres na Educação Profissional; Ipanguaçu; Rio Grande do NOrte; Sexismo.


Comentários

  1. Boa noite, Carolayne,
    Eu utilizarei novamente um livro de Perrot em minha pesquisa, que versa sobre as Leis Orgânicas do Ensino, e não há como não lembrar dessa autora ao pesquisar a educação entre os anos de 1942-1961, que vem a ser o recorte temporal do meu trabalho. Nesse período era comum a existência de prédios distintos para que fossem ministradas aulas para meninos e meninas, o que estava previsto na lei. E como uma das leis orgânicas era a do Ensino Normal essa questão de gênero fica muito presente. E concordo sobre a atualidade do tema, o que demonstra a necessidade de discutir essas questões hoje. Ainda surpreende que áreas como a enfermagem, por exemplo, possuam em suas turmas de faculdade predominantemente estudantes mulheres; presenciei isso recentemente, na formatura de minha irmã, onde havia apenas um homem na turma.
    Um abraço,

    Luciana

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    1. Boa Tarde, Luciana,
      Perrot foi uma ótima referência para entender sobre a história das mulheres, sua luta no movimento feminista é um exemplo, seu livro "As mulheres, ou, os silêncios da história" é incrível, demonstrando que o trabalho histórico também se faz permeado pela ação política no presente.

      Quando pesquisamos a história das mulheres, notamos que a história foi feita por homens e sobre as conquistas dos homens, por isso é tão importante obras como as de Perrot, que mostram as lutas e quão forte são as mulheres.

      Como você mesma apontou as leis orgânicas da época a questão de gênero eram escrachada, infelizmente na atualidade mesmo depois de tantas vitórias na causa feminista, as vivências, formações e suas opções de emprego ainda são colocadas de acordo com seu gênero, enfermagem, docência etc.

      Por isso, é imprescindível existir mais discussões sobre esse tema, estudos e políticas sejam fomentados para que as noções de equidade se tornem realidade.

      Obrigada pelo comentário, abraço e tenha um bom feriado

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  2. Este comentário foi removido pelo autor.

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