RESUMO - A INTERIORIZAÇÃO DOS PROCESSOS DE EDUCAÇÃO NO NORDESTE PAULISTA (1889-1930)

Rafael Cardoso de Mello*

*USP - E-mail: cardosodemello@usp.br


Este trabalho tem por objetivo a apresentação das bases de pesquisa intitulada provisoriamente de “A interiorização dos processos de educação no nordeste paulista (1889-1930)”, cuja proposta central é compreender a gênese e o percurso das representações e discursos que envolvem a educação no nordeste paulista, tanto no seu sentido comum - o escolar, como em outras formas mais complexas – manifestadas na civilização dos corpos, na legislação, nas definições de “normalidade”, cidadania, moral, etc., com vistas a investigar uma das dimensões do processo de interiorização da educação escolar pública no território paulista. Para tal, utilizamos como referencial teórico as contribuições de Braudel (1996), Wallerstein (1979) e Mombeig (1984) no que tange a abordagem da “interiorização”; Elias (1993; 1994), Fonseca (2010) e Narita (2016) para contornos dos “processos de educação” e pesquisas sobre a história da educação que tomaram com espaço as cidades do nordeste paulista, tais como aquelas que já investigaram as cidades de Ribeirão Preto (CUNHA, 1988; JAYME, 2007; FRANÇA, 2013; ALMEIDA, 1997) e Franca (Lima, 2007, TEIXEIRA, 2000). Do ponto de vista documental, salientamos  a presença de um vasto e complexo conjunto de fontes primárias (plantas urbanas, códigos de postura, processos-crime, periódicos, fotografias, entre outras) que nos permite realizar tal empreita, uma vez que a escola pública pretende ser interpretada tanto na sua lógica interna (códigos, rituais, cultura escolar) como extramuros (a que realidade a escola se impõe?). Ainda sobre as fontes, a análise da massa documental proveniente dos relatórios da “Delegacia Regional do Ensino” (de atenção local e datados de 1890 a 1930) e os “Annuários de ensino do Estado de São Paulo” (já com observação e mapeamento das escolas de todo o território paulista, cujos anos datam de 1907 a 1922, mais os exemplares de 1926 e 1936), nos convida a pensar em estratégias e negociações do poder público para controlar e administrar uma população nova, multifacetada e potencialmente perigosa. O referencial teórico e metodológico da economia-mundo e do sistema-mundo, amparados na percepção da longa duração são bases da percepção desta interiorização excludente de privilégio das regiões centrais e de exclusão das zonas periféricas (BRAUDEL, 1996; WALLERSTEIN, 1979). Portanto, de forma inicial e indiciária, é possível destacar o movimento de interiorização do capital (cafeeiro) como excludente, mesmo na inclusão proposta pelo ethos escolar e pelos desejos de uma Re(s)pública recém-chegada no contexto de transição dos séculos XIX-XX.


Palavras-chave: Interiorização; processos de educação; Grupo escolar.


Comentários

  1. Uma excelente pesquisa no campo da história da educação. Porém, é bem ampla, pois, ao que parece, trata-se do sistema escolar como um todo. Seria necessário fazer recortes. Por que não pesquisar as instituições que formavam para o trabalho?

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