RESUMO - MEMÓRIA E HISTÓRIA: A PESQUISA (AUTO) BIOGRÁFICA E A FORMAÇÃO DE PROFESSORAS ALFABETIZADORAS NA CIDADE DO RIO DE JANEIRO

Jussara Cassiano Nascimento*

*UERJ - E-mail: professorajussara@yahoo.com.br


Este trabalho tem como objetivo apresentar os resultados de uma pesquisa concluída cujo objetivo foi compreender os processos de socialização e trajetória de formação de quatro professoras alfabetizadoras, atuantes na rede pública de ensino da Cidade do Rio de Janeiro, no Brasil. Em meio a tantos outros saberes, a experiência do trabalho docente é percebida como elemento de formação capaz de valorizar o papel dos conhecimentos adquiridos na prática. Entendendo a vida cotidiana como território privilegiado do saber, optei por buscar a fundamentação teórica e metodológica em pesquisadores que procuram aproximar a educação da vida, apontando num processo de interação e interlocução, possibilidades interpretativas do saber-fazer docente. Apresento narrativas (auto) biográficas de professoras que atuam como alfabetizadoras, buscando compreender o modo como foram se construindo alfabetizadoras na experiência com o trabalho alfabetizador, principalmente como viveram o movimento de mudança conceitual em termos de alfabetização, acontecida no Brasil ao final dos anos 1980 e início da década de 1990, com a chegada da Psicogênese da Língua Escrita. Essa mudança conceitual refere-se ao deslocamento do eixo de como se ensina para o modo como as crianças aprendem. Desta forma, o aprender contínuo é essencial e se concentra em dois pilares: a própria pessoa como agente e a escola como lugar de crescimento profissional permanente. A fundamentação teórica e metodológica espelha-se nas propostas de Benjamin (1994), Ferrarotti (1988), Ferreiro & TeberoskY (1985), Goodson (2000), Josso (2004), Nóvoa (2000), Souza (1999), dentre outros. No presente estudo, as narrativas dessas professoras foram compreendidas como dispositivos de pesquisa-formação. Os resultados apontam que a formação de professores deve ser compreendida como resultante dos múltiplos contextos dos quais a professora participa: através das experiências vivenciadas, nas trocas e discussões com seus pares, no cotidiano da sala de aula, nos encontros oficiais ou não de formação e, portanto, não pode ser considerada como um momento único. Precisa ser compreendida como uma formação que acontece ao longo da vida.


Palavras-chave: Pesquisa (auto) biográfica; Alfabetização; trajetória de formação; narrativas.


Comentários

  1. Rafaela Paula da Silva7 de setembro de 2020 às 11:17

    Olá Jussara,

    Em seu texto afirmou que "as narrativas dessas professoras foram compreendidas como dispositivos de pesquisa-formação" e isso me fez refletir sobre as várias relações entre a vida profissional e pessoal destas alfabetizadoras. Como se deram as apropriações destas novas abordagens teóricas em sua prática profissional?
    Atenciosamente,

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    1. Cara Rafaela, desde a graduação venho estudando e me aproximando da pesquisa (auto) biográfica como dispositivos de pesquisa e também de formação. Essa abordagem permite que através das narrativas seja possível um diálogo consigo mesmo e com os colaboradores da pesquisa. A pesquisa trouxe informações sobre a vida e a formação dessas professoras demonstrando aquilo que elas foram aprendendo nas circunstâncias da vida. Foi possível compreender o modo como foram se tornando alfabetizadoras que alfabetizam sobretudo as crianças das classes populares.

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  2. A pesquisa traz para a discussão um tipo de formação continuada que poderíamos chamar de "Formação continuada ativa?", visto que seus alicerces estão embasados na própria reflexão, vivências e resultados de metodologias aplicadas pelo próprio docente? É uma abordagem diferente daquela que trata da formação continuada como uma política pública. Parabéns pelo trabalho!

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    1. Obrigada Vinicius. A reflexão sobre a prática foi fundamental para que essas professoras se tornassem professoras que alfabetizam crianças das classes populares. Tiveram a oportunidade de dialogar a partir das suas histórias de vida, de formação e da própria prática alfabetizadora, trazendo dados importantes sobre o modo como foram se formando...

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  3. Cara Jussara Cassiano, fiquei curioso em saber se as professoras alfabetizadoras pesquisadas elencaram quais as principais dificuldades de se alfabetizar uma criança nos dias de hoje? E quais as diferenças entre o processo de alfabetização nos anos 1980/90 e nos dias hoje?
    Um abraço!

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    1. Caro José, as professoras através das narrativas trouxeram dados importantíssimos sobre o modo como foram se constituindo alfabetizadoras que alfabetizam as crianças principalmente das classes populares. Apontaram as dificuldades que tiveram nas décadas de 1980/90 a partir das mudanças conceituais em termos de alfabetização. Os dados apontaram que a formação é um processo que acontece ao longo da vida.

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