RESUMO - MODOS DE PENSAR E FAZER A EJA/EPT NO INSTITUTO FEDERAL DO AMAZONAS: ESTUDO DE UMA TRAJETÓRIA
Bianca Santos Bento da Silva*
Clisivânia Duarte de Souza
*IFMA - E-mail: bianca_santos@ifam.edu.br
O artigo analisa a trajetória histórica da oferta do Programa Nacional de Integração da Educação Profissional com a Educação Básica – PROEJA, no âmbito do Instituto Federal do Amazonas – IFAM. O objetivo central é a análise das interações dialógicas e ações promovidas pela dimensão sistêmica do IFAM com os campi, desde o ano de 2016, visando à construção de uma política institucional de Educação de Jovens e Adultos – EJA pautada na construção de uma identidade de EJA como projeto de inclusão social que valorize as trajetórias e saberes de seus educandos-trabalhadores. O trabalho foi realizado por meio da pesquisa documental. A base empírica constituiu-se da análise de um conjunto de 20 narrativas de servidores atuantes em cursos de PROEJA. Metodologicamente, caracteriza-se por uma abordagem qualitativa, de caráter macroanalítico. Desde sua gênese de oferta em PROEJA, no ano de 2006, o IFAM tem tido significativa ascendência e ocupa hoje o terceiro lugar entre os Institutos Federais de Educação na relação de oferta de vagas e matrículas no PROEJA, conforme dados da Plataforma Nilo Peçanha (2018). Assim, é premente o desenho dessa trajetória na oferta da modalidade, presente em 11 de seus 16 campi, atendendo a populações urbana, rural, do campo e indígena. Os modos de fazer e pensar escolares e seu dinamismo de mudança são consequências de fatores socioculturais e fatores internos relacionados aos fazeres em sala de aula. Assim, é necessário compreender de que maneira esses fazeres evidenciam o trabalho desenvolvido a partir do ano de 2016, por meio de uma gestão sistêmica comprometida e militante na EJA como prioridade de uma ação que se entende inclusiva e democrática, deslocando a compreensão, equivocada, do PROEJA como o “primo pobre” da Instituição e atribuindo-lhe sua legítima importância dentro de um histórico processo de exclusão social, desde sempre registrado na educação brasileira. A fim de que a expansão da EJA se desse de forma exitosa, foram realizadas pela Diretoria de Educação Profissional e Coordenação de PROEJA (2016-2017) visitas técnicas e de sensibilização a oito campi do interior que não ofertavam o programa, ou que tiveram a oferta descontinuada. O objetivo foi conhecer os arranjos produtivos locais, bem como a demanda existente nesses campi e suas condições de efetivação do PROEJA. Outra ação sistêmica iniciou em 2019, com o Ciclo de Formação Continuada para docentes e equipes técnico-pedagógicas dos campi. A dinâmica de aproximação e diálogo entre as dimensões macro e microssistêmicas tem resultado no início de práticas pedagógicas em que o educando-trabalhador é protagonista do processo de ensino e aprendizagem, produzindo saberes e culturas próprios de seu espaço. Contudo, os caminhos da mudança nem sempre são harmoniosos, em virtude de o espaço escolar oferecer resistências nascidas das discordantes opiniões entre os grupos que o constituem; mas os resultados apresentados até aqui indicam que estamos em boa direção.
Palavras-chave: Educação de Jovens e Adultos; PROEJA; Trajetória institucional. Ação sistêmica.
Olá, caras pesquisadoras! Quais tipos de resistências foram identificadas? Em síntese, o que vocês definem como "os resultados apresentados até aqui indicam que estamos em boa direção"? Quais são esses resultados?
ResponderExcluirOlá, Francisco! Boa noite! Obrigada por seu questionamento!
ResponderExcluirFrancisco, por mais que estejamos empreendendo um trabalho sistêmico muito comprometido com a oferta de excelência na modalidade EJA/EPT, é esperado que encontremos algumas resistências, pois mudanças são processos e esses levam tempo para se efetivarem. Dessa maneira, nós identificamos como resistências: professores que mesmo com a formação continuada na modalidade ainda resistem na manutenção de práticas pedagógicas pouco adequadas à EJA/EPT. Temos, ainda, professores que julgam o aluno de EJA como sendo um aluno de pouco potencial e que se vitimiza. Ainda temos campi que não possuem uma Coordenação específica para EJA/EPT, o que impossibilita um trabalho mais voltado à modalidade a partir de suas especificidades. A não presença de alguns profissionais no turno noturno para o atendimento desses alunos, que só podem estar no Instituto neste turno em específico, também é entendida por nós como resistência.
Sobre os resultados que apontam estarmos em "boa direção", esses dizem respeito ao quantitativo representativo de professores e técnicos (principalmente pedagogos e técnicos educacionais) participantes do Ciclo de Formação Continuada em EJA/EPT que ofertamos desde o ano passado no IFAM. De junho de 2019 até o momento foram 4 encontros. Três desses encontros sediados por campi da capital e um encontro realizado de forma online, devido à pandemia.
Em nosso instituto a distância geográfica entre os campi é muito grande. O deslocamento por meio terrestre é quase inexistente, sendo esse feito por meio aéreo ou fluvial, na maioria das vezes. Temos campi que distam 3h de avião dentro do próprio estado, outros distam 19h de barco, partindo da capital. Essa realidade por algumas vezes dificulta a presença sistêmica, principalmente em relação aos momentos formativos nos campi. Assim, desde 2019 realizamos os encontros formativos presenciais nos campi da capital e transmitimos online para os campi do interior. Muitos desses campi possibilitam espaço-tempo para essa formação e discutem as temáticas entre seus servidores, otimizando as práticas voltadas à EJA/EPT e, consequentemente, contribuindo para permanência e para o êxito desses alunos no IFAM. Isso para nós é muito significativo. Estamos no início, mas confiantes. Mesmo com a distância mencionada alguns campi enviam seus servidores para participação presencial às formações e esses acabam por se tornarem multiplicadores.
O interesse por parte dos campi em relação à modalidade em discussão tem aumentado. Em 2018 fomos o terceiro IF em número de oferta de vagas no país. Isso nos orgulha frente o trabalho que, a passos curtinhos, estamos realizando desde 2016, mais efetivamente. O diálogo entre a gestão sistêmica e os campi tem sido alargado e se tornado mais próximo, desde então. Temos um campus que está se preparando, em específico por meio das formações, para a oferta da EJA/EPT. Isso é muito positivo.
No último Encontro Nacional de EJA/EPT, no mês de dezembro de 2019, em Londrina, o IFAM apresentou 16 trabalhos exitosos na modalidade EJA. Fruto desse engajamento da gestão sistêmica e dos campi.
Ainda é pouco para o desafio que é ofertar ensino e aprendizagem para EJA/EPT na Amazônia, mas acreditamos estar em "boa direção". Estamos tratando, aqui, de apenas um aspecto importante para a oferta de EJA, que é o processo formativo continuado dos profissionais que atuam na modalidade, mas é um bom começo!
Abraço!
Bianca e Clisivânia
Você poderia disponibilizar o trabalho completo?
ResponderExcluirentrar em contato pelo e-mail: clisivania.duarte@ifam.edu.br
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