RESUMO - O PODER DISCIPLINADOR DAS PRÁTICAS ESCOLARES NA MODELAGEM E CONTROLE DE CORPOS E MENTES NA ESCOLA INDUSTRIAL DE NATAL (1939-1954)

Rita Diana de Freitas Gurgel*

*UFRN - E-mail: r.dianafg@gmail.com

Este trabalho busca contribuir com a história da educação norte-rio-grandense, especificamente, com o campo de pesquisa que trata da temática da Educação Profissional. Neste, retomaremos alguns aspectos abordados na pesquisa realizada em 2007, que consistiu na tese de doutoramento intitulada “A trajetória da Escola de Aprendizes Artífices de Natal: (1909-1942): República, Trabalho e Educação”, na qual, a partir da utilização de variadas fontes documentais (leis, decretos, relatórios, livros de matrículas, cartas, fotografias, dentre outras), bem como das contribuições teóricas de Julia (2001), Magalhães (1996), Viñao Frago (2001) e Foucault (1979, 2004). Nesta proposta de trabalho, trataremos de aprofundar a discussão acerca da cultura escolar da instituição e as engrenagens das relações de poder, na modelação de corpos e mentes as quais foram importantes na construção do projeto republicano de nação no Brasil. Especificamente, propomos abordar o período em que a instituição já era conhecida por Liceu Industrial (1939) até 1954 quando passou a ser denominada de Escola Industrial de Natal. Hoje, Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte (IFRN), a instituição sofreu ao longo de sua trajetória algumas alterações na sua nomenclatura e nos currículos, face o contexto histórico, econômico, político e social. Durante o recorte histórico que ora pretendemos abordar (1939-1954), trata-se da longeva gestão de Jeremias Pinheiro da Câmara Filho, que à frente da instituição por uma década e meia, favoreceu à construção de uma cultura escolar austera, marcada por inúmeros mecanismos de controle aos quais foram submetidos professores, funcionários e alunos. Com o argumento de “remover as falhas e promover novos melhoramentos na instituição”, seu modus operandi foi marcado por um forte conteúdo moralizador, contrariando muitas vezes a própria legislação em vigor. Na sua gestão, várias práticas escolares foram criadas no intuito de exercer à sujeição dos corpos e mentes como mecanismos de controlá-los e esquadrinhá-los por meio da disciplina, ou seja, como expressão objetiva das relações de poder (no sentido foucaultiano). Algumas dessas práticas, julgamos terem sido responsáveis pelo elevado número do abandono escolar pelos alunos. Dito isto, neste trabalho, por meio da pesquisa histórica, ancorando-nos nas fontes documentais e bibliográficas (teses, dissertações e artigos científicos) e em teóricos dos quais já mencionamos alguns, propomos analisar as implicações dessas práticas disciplinares no período de 1939-1954.

Palavras-chave: Educação Profissional. Disciplina. Controle. Corpos dóceis.