RESUMO - A POLÍTICA DE EDUCAÇÃO PROFISSIONAL DO GOVERNO DILMA (2011 A 2016): TAUTOCRONISMO ENTRE A AMPLIAÇÃO DO PAPEL DO ESTADO E A LÓGICA MERCADOLÓGICA NA OFERTA DE EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E TECNOLÓGICA

Samanta Lopes Maciel*

*IFES - E-mail: samanta.ifes@gmail.com


Este trabalho é parte do estudo intitulado “A política de educação profissional do governo Dilma: O direito a educação no contexto da Expansão da Rede Federal de Educação Profissional e do Pronatec”. No presente texto indicamos que a educação básica articulada a profissional, hegemonicamente e historicamente, vem se constituindo por via de programas e/ou projetos que ainda não tiveram êxito em superar a dualidade educacional em que se reserva a educação básica pública precária para inserção precoce no trabalho para “todos” e educação de qualidade com acesso ao ensino superior para “poucos”. A Expansão da Rede iniciada em 2005 no governo Lula teve o fito de superar tal dualidade ampliando o papel do Estado na oferta de educação básica e profissional de qualidade por meio da criação dos Institutos Federais, fortalecendo a educação profissional integrada ao ensino médio. O governo Dilma embora tenha prosseguido com a Expansão da Rede, apostou como estandarte para a educação profissional no Pronatec priorizando a oferta de cursos de curta duração e a transferência de recursos para o Sistema S. Tendo em vista esse processo, objetivamos discutir o tautocronimos entre a ampliação do papel do Estado na oferta de educação profissional de qualidade via Expansão da Rede Federal e a lógica mercadológica da oferta de educação profissional por via do Pronatec. Partindo da concepção marxista da categoria trabalho, tomando Poulantzas (1980) como referência para o conceito de Estado, pautamo-nos no materialismo histórico-dialético como referencial teórico-metodológico recorrendo a análise documental. Os resultados demonstraram que no governo Dilma prevaleceu o tautocronimo entre a ampliação do papel do Estado e o fortalecimento da lógica mercadológica na educação profissional revelando a opção política do governo em duas frentes. A primeira indicou que embora o Pronatec tivesse como uma de suas ações fortalecer e democratizar a Rede Federal, seu cerne esteve na oferta de cursos de curta duração (cursos FIC) ofertados majoritariamente no Sistema S, alimentando o ciclo formação precária para ocupação de postos de trabalho de baixa qualificação e baixa remuneração atuando na reprodução da dualidade entre formação para o trabalho manual x intelectual e fortalecendo a lógica mercadológica na educação profissional. A segunda frente revelou que a opção de continuidade da Expansão da Rede Federal, via interiorização dos Institutos e consequentemente a oferta prioritária do Ensino Médio Integrado, configurou-se em ação estruturante do Estado promovendo sua ampliação e fortalecimento da educação profissional como direito.


Palavras-chave: Ampliação do Estado; Expansão da Rede Federal; Lógica Mercadológica; Pronatec.


Comentários

  1. O Pronatec surgiu ainda sob efeito do contexto de expansão da economia do segundo mandato de Lula, cognominado de "neodesenvolvimentismo". Os empresários falavam frequentemente de um "apagão da mão de obra qualificada". Paralelo a este cenário, ainda no final do segundo governo de Lula, vendeu-se a imagem de Dilma Rousseff como a mãe do PAC . Portanto, o Pronatec serviu aos interesses eleitoreiros para conseguir eleger Dilma, além de buscar atender às demandas empresariais de formação profissional aligeirada em cursos de qualificação profissional de curta duração.

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